terça-feira, 12 de janeiro de 2010

DO ANIVERSÁRIO DE BELÉM

"12 de janeiro de 1616

Depois de 18 dias de viagem, transposta a barra do Seperará, ancorava a frota portuguesa na baía chamada pelos naturais de Paraná-Guaçú. Todo o litoral era habitado pelos índios tupimnambás, que não se mostraram hostis, neste primeiro encontro, com os invasores.

Ernesto Cruz".

Citado por Haroldo Maranhão. Pará, Capital: Belém: memórias & pessoas & coisas & loisas da cidade. (Belém, 2000).

Batismo de fogo

No espelho invertido, a mesma história (ou melhor, a mesma estória), contada e vista pelo outro lado, de dentro e do mais fundo das profundezas mesmas do ventre da floresta:

Na bruma da primeira manhã, sem prévio aviso, apareceram no horizonte, como se baixadas do céu, três gigantescas canoas. Dentro delas, seriam homens, aqueles cobertos por roupas estranhas?
O que dizem e o que querem, imersos na confusão de palavras que não fazem o menor sentido?

Não tardará, porém, o dia em que a boa acolhida que receberam será paga com ferro e fogo.
Não tardará, também, o dia que o céu será riscado pela primeira flexa e a floresta vesgatada pelo primeiro grito de horror.

O sangue que adubará a terra, misturado pela pólvora dos invasores, será tão extenso como o mesmo rio, com suas águas sem fim e seus filhos que não terão nascido para cumprir o vil papel de escravos,

Memória de fogo - Os primeiros embates

"1617 - 1618

Desbarata o Capitão-Mor Francisco Caldeira a sublevação das aldeias do Cajú, e de Mortigura*, vizinhas da Cidade**, e o sertão do Iguapé, tudo residência dos Topinambazes, mandando sobre eles o Sargento-Mor Botelho da Vide, e os Capitães Alvaro Neto e Gaspar de Freitas Macedo. Novamente se vê necessitado a bater os Topinambazes: ordena ao alferes Francisco de Medina que marche contra eles, que se acham formados em corpo no rio Guamá em sítio acomodado à defesa. O dito oficial os ataca de modo que poucos se isentaram dos seus duros golpes".

Antonio Ladislau Monteiro Baena ("Moço Fidalgo da Imperial Caza, Cavalleiro da Ordem Militar de S. Bento de Aviz, Sargento Mor e Commandante que foi do Corpo de Artilheria de Linha da referida Província, e Professor da sua Escola Militar, &ct.). Compêndio das Eras da Província do Pará (1838; 1967, Universidade Federal do Pará).

* Atual Vila do Conde

** "É a baía que hoje chamam de Marajó; e quanto ao Iguapé e Cajú é verosímil que sejam passagens vizinhas à baía" (nota original do autor).

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Em seu blog Página Crítica, Aldenor Jr. nos remete aos tempos do que se convencionou denominar a fundação de Belém. 394 anos desde que os portugueses aqui aportaram, iniciando uma saga que dizimou milhares de nativos.

Belém, mestiça na sina, cidade umidade, onde se respira água, terra amada por sua gente, aviltada e esquecida pelos poderosos. Belém que tem na amabilidade do seu povo a maior resistência cultural, herança dos nativos, flor herdada de nossos ancestrais, nossos mais antigos habitantes.

Que nossa história seja recontada. Parabéns gente de Belém. Bela Belém...


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Um comentário:

Anônimo disse...

Lindas palavras AFBEPA. Me fizeram refletir sobre o que estamos comemorando no dia 12 de janeiro?